Capítulo 43

 

Nadine me encara e pede, silenciosamente, que eu me aproxime. Duda e Gil saem, assim que minha sogra pede, e levo Junior até o sofá para que ele possa participar da conversar. É até um pedido da sua própria.

Junior: Mãe, por favor... – ele pede.

Nadine: Eu ainda nem comecei a falar, Junior. – ela se ajeita no sofá e eu enlaço minhas mãos aos do Junior – Eu não vou expulsar ninguém de casa, calma! Pela cara de vocês parece que eu vou causar algum mal.

Junior: Vocês nunca gostaram da Lara. O que mais a gente pode pensar?

Lara: Ju... – é a única coisa que consigo falar.

Nadine: Eu sei que vocês tem todos os motivos do mundo para esse rancor, mas não precisa disso. Só me escutem, tudo bem? – concordamos – Lara, quando o Juninho decidiu que seguiria na carreira do futebol, nós, eu e o pai dele, passamos a entender que muita coisa mudaria. E mudou, graças a Deus! E uma das coisas que mudou é o mundo daqueles que querem se aproveitar da fama do Junior para ficar famoso.

Junior: MÃE!

Lara: Ju, deixa ela falar.

Nadine: Obrigada! Continuando... eu sempre tive medo dele achar alguém que não o amasse de verdade. Pensava que todas as suas namoradas eram irreais e eu acabei julgando você de forma errada admito por achar que fossem iguais as outras. Mas eu precisei mesmo quebrar a cara e perceber que não. Quando o Junior me falava que você não era de aceitar nada, eu imaginava que fosse por conta do início do namoro. Então veio a lesão e eu imaginava que você iria correndo para Belo Horizonte nos encontrar e eu fiquei espantada quando o Gil me contou tudo.

Lara: O Gil?

Nadine: Sim, ele mesmo. Eu estranhei você não ter ido, afinal, na minha cabeça, você era igual as outras. Foi quando perguntei pro Gil, ainda na hora da cirurgia do Junior, onde você estava e ele me disse sobre o patrão. Eu liguei o alerta ali no hospital mesmo, depois de ouvir tudo.

Junior: Santo de casa não faz milagre mesmo, né?

Nadine: Eu sei que já tinha escutado várias vezes sobre o seu trabalho e não dei valor, mas como eu disse, pensei que fosse ser só durante o início do namoro. – ela limpa a garganta e toca nas minhas mãos juntas – Desculpa, Lara? Eu te julguei da pior maneira possível e vou entender perfeitamente se você não quiser me desculpar.

Lara: É claro que eu desculpo. – ela sorri me abraçando em seguida – Sempre entendi a proteção e o medo de vocês, é normal. Sempre pensamos no melhor aos nossos filhos e sei que jamais iam querer o Junior infeliz em um relacionamento. Tá tudo bem!

Nadine: Tão bom ouvir isso! – rimos – Você é muito bem-vinda aqui e pode ficar o tempo que for preciso, tá?

Lara: Obrigada!

Junior nada diz. A verdade é que, assim como eu, ele também está um pouco em choque. Nadine se despede dizendo que precisa fazer algumas coisas e eu encaro meu namorado que sorri, quebrando o gelo que estava presente nele desde o início da conversa.

Junior: Não acredito que essa conversa aconteceu.

Lara: Nem eu! Mas a sua mãe tem razão, Ju.

Junior: Em partes, pô. – o encaro – Amor, não tinha necessidade deles desrespeitarem daquele jeito. Te julgar, revirar os olhos, tratar mal. Nada disso foi ensinado pra mim, imagina a eles.

Lara: Eu sei, mas a proteção deles que eu digo. Eles tinham razão.

Junior: Ah sim, isso sim. – massageia minha bochecha e me dá um selinho – Mas agora vamos aproveitar que eu não vou desgrudar.

Lara: Ótimo porque eu tenho uma fofoca.

Junior: Então bora lá pra fora que eu quero escutar com detalhes.

Lara: Mas é muito fofoqueiro, né?

Junior: Fofocar é vida, linda.

(...)

Duas semanas depois...

Junior dorme calmo ao meu lado. Passo a mão em seu rosto, dou um beijo na testa e levanto encarando as malas fechadas. Depois dessas duas semanas intensas, eu precisava voltar, mas ainda não estava preparada para me despedir então decido ir de madrugada. Na verdade, daqui para o Rio (capital) são seis quase sete horas e mais seis quase sete para chegar em São Paulo, o que dá perfeito para chegar no começo da tarde e descansar para pegar o turno da noite.

Depois de arrumar as últimas coisas, dou um último beijo nele e saio à francesa, encontrando o Gil e a Duda na sala.

Duda: Tá fugindo da polícia, garota?

Lara: Que susto! – coloco a mão no peito e Duda cruza os braços – Será que se eu fugir, vocês vão me matar?

Gil: Quem vai me matar é o senhor Neymar Junior quando descobrir que a namorada dele foi de táxi pra rodoviária.

Lara: Ai, eu não quero atrapalhar nada. Enfim, o táxi já chegou.

Duda: Tem certeza que não quer ficar mais uns dias?

Lara: Preciso voltar, de verdade. Meu chefe vai querer minha cabeça* se eu passar mais um dia aqui.

Gil: Então vai e não esquece que a gente te ama!

Lara: Amo vocês!

Gil me ajuda com as malas, dou boa noite para o taxista e a cena de videoclipe se repete enquanto o carro passa pelas ruas do condomínio: eu deitada com a cabeça no vidro e as lágrimas começando a cair.

Neymar narrando.

Na hora do remédio, estranho a Lara não me acordar com a voz rouca e o carinho na barba que deixei por fazer. Abro os olhos e pego meu telefone olhando a hora, percebendo que são 4h15. Bocejo, cancelo o alarme e pego meu remédio. Enquanto tento acordar, varro meus olhos pelo quarto e vejo ele vazio sem as malas da Lara.

Junior: Ê, caralho... – solto baixo, levantando em seguida.

Pego a muleta e saio do quarto com dificuldade, vendo todas as luzes apagadas e só da sala acessa. Gil tá dormindo no sofá e Duda digitando alguma coisa no computador bastante concentrada.

Junior: Maria Eduarda!

Duda: Bah, eu tenho coração! O que foi?

Junior: Cê viu a Lara?

Duda: Tu não viu o telefone? Ela deixou uma mensagem.

Junior: Até voltar pro quarto...

Duda: Ela precisou voltar porque o chefe do hospital já estava reclamando. Basicamente isso.

Junior: E ela foi como?

Duda: De ônibus. – bufo – Junior, tu conhece a Lara.

Junior: Eu fico preocupado, Duda. É uma viagem longa de ônibus e nunca que ia recusar ela ir de jatinho ou helicóptero.

Duda: Ela deve tá chegando em São Paulo e já manda mensagem. Calma.

Junior: Ai, essa minha namorada...

Como estou sem sono, passo a conversar com a gaúcha até voltar para o meu quarto e olhar o celular com o número de notificações do WhatsApp ainda maior. Alguns grupos e as da Lara que não percebi quando olhei a hora.

Oi, Ju

Escrevendo essa mensagem no caminho pra rodoviária. Primeiro de tudo é que eu te amo e tá tudo bem, tá? Eu só realmente preciso voltar para São Paulo porque meu chefe está pedindo e não posso explorar a boa vontade dele. Segundo que eu não quis abusar do jatinho ou helicóptero então vim de ônibus mesmo, sem problemas

Cheguei

Te amo ❤️

Uma hora depois de enviar isso, ela avisou que estava embarcando e eu respondo falando que fiquei preocupado e que era para ir me dando notícias. Só consigo finalmente tocar no sono quando o dia já está amanhecendo e mais uma mensagem da minha namorada chega avisando que já está em São Paulo.

📍 São Paulo

Linda demais

Fico ainda mais apaixonado por você 😍

Hahahahahahahaha

Dormiu bem? Tomou os remédios?

Vou voltar a dormir agora, mas tomei todos os remédios direitinho

Muito bem 👏🏼

Queria você aqui pra cuidar de mim 😢

Aff, amor 😩💔

Envio um áudio cantando 100% Dela e recebo um áudio de quatro segundos da melhor risada. Aproveito que sigo sem sono e separo uma foto nossa, preparando para postar no story. Marco o arroba da Lara bem pequeno, sem parecer e posto. Não dá um minuto e eu recebo a notificação.

NEYMAR JUNIOR

KKKKKKKKKKKKKKKKKKK boa noite, amor 😘❤️

Nota Final:

Nada para dizer do meu sumiço kkkkkkkkkk enfim, mais um capítulo para vocês! 💓